quinta-feira, 2 de junho de 2011

Minha mae...

   


         Lucia Helena de Moura... Mais conhecida por mim por "mãe".


        Nascida no dia 10 de Agosto, essa mulher muito generosa e divertida viveu em prol de todos e esqueceu de viver...
        Muito conhecida onde morou, minha mãe viveu pra ajudar as pessoas, se prejudicou muitas vezes por isso... Já trabalhou com entrega de cestas básicas pra pobres, arrecadando alimentos de porta em porta e dando assim aos mais necessitados...
       Minha mãe também ajudou a família... Nunca disse não... Tem muita coisa que vou contando aos poucos sobre esse anjo que passou por aqui e que muitos inclusive eu nunca o demos devido valor. Minha mãe teve uma morte considerada pra mim rápida, mas sei que pra ela foi demorada, por suas dores intermináveis. Minha mãe morreu de "câncer generalizado".
           Ela descobriu essa doença terrível e triste ainda amamentando meu irmão "Gabriel"... Me lembro como se fosse ontem quando eu estava na praia com a minha prima Carla e minha mãe ligou falando pra eu ir pra casa que ela queria conversar comigo. Como nos nunca gostamos de segredos, éramos muito amigas, eu pedindo ela me contou:


- Diana, eu to com câncer...


         Nessa hora, o meu mundo desabou! Eu havia perdido meu tio a pouco tempo com essa doença, e muitos membros da minha família, eu sabia que dali era só aproveitar cada segundo com ela... Não que câncer não tenha cura, "TEM!" Mas eu senti, que pra minha mãe não teria.
        Quando eu cheguei em casa, fiquei muito mal mas não quis que ela percebesse, na verdade durante toda sua doença tentei fingir ser forte, não chorando perto dela ou não deixando ela perceber o que eu achava realmente, pois eu sei que o emocional conta muito nesses casos...
        Minha mãe foi internada muitas vezes, todas eu fiquei ao lado dela, não importava se era por uma semana ou um mês, eu sempre estava la, dormia la e não saia pra nada.
        Me lembro a primeira vez em que minha mãe foi internada. Eu cheguei e minha avo me contou... Eu pedi pra que ela ficasse com meu filho e fui atraz de minha mãe não me lembro bem que horas, umas nove eu acho... Só que não me deixariam entrar aquela hora pra vê-la... Então eu vesti uma roupa branca e pedi o dinheiro da passagem a minha avo, ela não teve... Então eu fui assim mesmo! Nada e ninguém iria me impedir de ver minha mãe!!! Cheguei no ponto de ónibus, fiz sinal e quando ele parou pedi uma carona, ele não me deu... O segundo passou, eu pedi uma carona e ele também não me deu... Quando o terceiro parou eu subi! E pedi ao cobrador pra ficar la atraz pendurada antes da roleta, porque minha mãe estava no hospital e eu tinha que vê-la, e ele deixou! =)
       Quando cheguei ao hospital, eu pensei vou sair entrando e dando boa noite, assim vão pensar que eu trabalho aqui, e o fiz... Fui olhando ate que encontrei minha mãe no terceiro andar! Quando ela me viu nem acreditou... E fiquei la... As pessoas passavam e me davam boa noite! Médicos, enfermeiros...
       Na hora de dormir, eu peguei aquela escadinha pequena que estava ao lado da cama, e dormi sentada apoiando meu rosto em sua cama, segurando em sua mão ate de manha (assim como ela fez quando tive meu filho David).
       Fui acordada pelo medico plantonista de manha, umas seis horas,... Eles passam nesse horário pra trocar o plantão e verem como deixaram os  pacientes...
       Quando chegaram os estagiários, perguntaram se eu também era estagiaria eu disse que não. Então me falaram pra ir pedir um cartão de acompanhante e eu fui, mas só podia ter acompanhante quem estava muito mal, mas eu os convenci com muito humor e carisma.
                                        Minha mãe ficou internada por umas 6 vezes não me lembro muito bem. Eu sempre levava coisas de casa, do seu quarto, pra que ela se sentisse bem, e não em um hospital publico, frio e descuidado. Teve uma vez que eu não aguentei, e fui la pra baixo chorar... Chorei tanto, que as pessoas acharam que eu já tinha perdido alguém... Nesse tipo de doença, sempre e feito um exame... Teve um que eu não me esqueço... O medico disse na nossa cara (minha e da minha mãe) que a doença dela não tinha mais cura! Que ela podia esperar uns meses de vida! Nossa! Eu fiquei sem reaçao!!! Só pude falar assim...


- Esse medico não sabe de nada mãe! Nossa fé e maior! Nos vamos mostrar pra ele que tem um Deus la em cima que tudo pode! Vc já ta curada vc vai ver!




=/




     Essas doenças, como câncer e aids enganam... Minha mãe fez mais um exame e você não vai acreditar...


                                                                  DEU NEGATIVO!


       Depois do medico dizer aquilo! Como!!! Achamos logo que foi um milagre e tal. Mas logo no próximo apareceu não só em uma mama, mas nas duas. E a cada dia em mais um orgao... E depois em nada, e em mais um... Ate que ficou "generalizado" (em todo corpo).
      


                      Minha mãe tinha no pulmão, nas duas mamas, no sangue, na cabeça, no fígado...


      E eu ao seu lado, sem saber como ia lidar com isso, já que ela sempre foi meu esteio, minha rocha. Como eu ia perder que vivia praticamente por mim?! Meu casamento era seguro por ela, meu filho criado por ela, eu comia porque ela fazia... O QUE EU IA FAZER SEM A MINHA ALMA?!


     Ate que deu agua em sua preula... Sua barriga ficou enorme! Como de uma gravida com 9 meses... Ela sofreu muito drenando no hospital, com uma seringa... Nunca imaginei ficar sem minha mãe... Tive que dar banho nela, colocar comadre pra ela fazer xixi no fim de seus dias, pq ela não conseguia mais andar... Uma mulher com tanta força, que fazia obra melhor que um homem... Que passava dias em uma maquina de costura porque estava com muito trabalho e ninguém a ajudava... Uma mulher que passou seu natal colocando azulejo na minha cozinha, a 1 hora da manha... Como estava assim?! Tantos anos de cigarro, alimentação irregular e trabalho excessivo a destruíram... Fora o amor, que nunca foi o forte pra ela... Nunca conseguiu amar mais ninguém como amou um jovem de 16 anos, "meu pai"... Ela sempre me disse... Que nunca mais amou a ninguém.
      No seu penúltimo dia de vida, ela queria fazer xixi. E me viu dormindo em uma cadeira de praia, toda encolhidinha e não quis me acordar, como sempre tentando me poupar... Mas ela não conseguia mais andar! E não se deu conta disso... Tentou achar aquela tal escadinha de baixo da cama pra tentar descer, mas não tinha mais forças em suas pernas... Quando tentou se apoiar, caiu, em cima de mim... Na hora acordei desesperada gritando!


-Mãe levanta!!! Porque não me acordou mãe!!! Levanta mãe!!


Tentando a levantar mas ela estava muito pesada por causa da agua na preula... Consegui por ela na cama, ela chorando porque tinha caído e porque não conseguia mais ficar de pé. Eu a dei um beijo, perguntei se estava bem, coloquei a comadre nela e ela dormiu. Eu tinha a mania de ficar acordando ela sempre, pra ver se ela estava bem... Nesse dia, eu a acordei umas 3 vezes, e perguntava:


-Mãe, ta bem? Ta acordada? Quantos dedos tem aqui...?


E ela sempre me respondia, as vezes ela ate ria disso...


    Quando foi na terceira vez acho, ela começou a "variar". Essa e a palavra que usavam no hospital... Acredito que quando ela caiu, afetou algum orgao, mas como ela já estava em fase terminal nenhum hospital publico iria tentar resolver isso. Minha mãe começou a falar a quantidade de dedos errada, a falar que tinha uma porta a sua frente, me pedindo pra fechar... E não tinha.
     Quando foi de manha ela começou a gritar! Mas inconsciente!!! Eu liguei pra família e foram la! Ficaram rezando ela por horas! Ate ela se acalmar... Ela gritava não e tentava tirar os aparelhos de respiração que eu pedi pra colocar... Um era por dentro de sua garganta e o outro no nariz... Então colocaram um terceiro, em sua boca... Ela se acalmou e foram embora.
     Quando chegou a noite, ela respirando com dificuldades, eu fiz suas unhas, ela era bem vaidosa... E fui pra porta fazer as minhas... Uma senhora me gritou no primeiro quarto, o nosso era o ultimo de uns vinte quartos... Como eu ajudava a todos os pacientes, por estar ali todos os dias e por tanto tempo, a trocar fraldas, dar banho em feridas abertas tais como uma em uma senhora que aparecia sua costela, eu nunca tive nojo ou nervoso, voltando ao foco a senhora me chamou assim como muitos me chamava a madrugada toda, eu fui... Chegando la ela disse que estava com frio e a outra estava com muito calor, pois essa doença, dependendo de onde da calor ou frio nas pessoas, são sintomas muito diferentes dependendo do caso... Haviam acabado os cobertores, então eu fui no meu quarto, peguei um meu e cobri a essa senhora, e liguei o ventilador pra outra que estava no mesmo quarto... Enquanto isso minha mãe morria. Quando sai desse quarto a senhorinha disse:


-Que Deus lhe pague...


E eu disse brincando:


- To precisando mesmo...


Rindo...




Quando cheguei em meu quarto, minha mãe não respirava direito... Respirava com pausa de uns 10 segundos... E chamei a enfermeira que estava em frente por acaso... Ela chegou em nosso quarto, verificou o pulso da minha maesinha... Eu perguntei se ela estava morrendo, ela só fez um gesto de eu sinto muito, olhou a hora e anotou.


Nesse momento, eu abracei o corpo ainda quente da minha mãe, e chorei... Segundos depois, uns 5 segundos, seu corpo ficou gelado, acredito que ainda havia vida quando eu a abracei... Logo depois eu sai do quarto, liguei pra família e os comuniquei...
      Fiquei em uma salinha onde víamos TV, sozinha, sentindo algo que não da pra explicar... Logo chegaram.


Quando eu estava indo embora pedi pra ficar na funerária com o corpo de minha mãe, já que ninguém iria ficar... Foram contra na hora mas me deixaram la, eram umas 9 da noite, e fiquei la, sozinha.
Olhei seu corpo frio e com outra coloração, peguei minha bolsa, e tentei disfarçar como ela havia me pedido a aparência da morte com maquinagem... Quando foi de manha minha avo chegou, e logo as outras pessoas... No seu enterro, foram pessoas que nem falavam com ela! Quando eu cheguei no cemitério, com uma caixa cm rosas, todos me olhavam... Com seu casaco e toca...


Hoje eu sou ela.


Vou terminar de viver a sua vida, e vou ser o orgulho que ela não conseguiu ser, mesmo com tantas qualidades.



Mas mesmo com isso, nunca perdi minha fe em Deus...
Sei que isso teve um porque... Seu tempo so ele sabe...
Essa doença tem cura, mas nao foi pra minha mae... Mas sei de muita gente que foi curada realmente, porque descobriu a tempo, porque Deus quis assim...


Nunca perca sua fe nele...


s2



 

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Bom... Reiniciei meu blog...

     

     Acredito que eu não tenha passado as coisas como devia, afinal tem muita gente ruim nesse mundo, e estavam usando esse site que criei pra desabafar e esquecer um pouco das coisas ruins que aconteceram na minha vida, pra rirem de mim e jogar coisas que me magoam na minha cara.


     Vou contar minha vida, mas privando os detalhes... Contarei o que acredito poder ajudar a você, ou a alguém que esteja passando por essa mesma situação poder observar de fora e decidir o que vai fazer... 

   Vou começar contando que me sinto melhor sobre a morte da minha mãe, melhor que digo e que não doi mais tanto... Mas sempre acreditarei que a minha vida seria melhor com ela aqui...

   Como reiniciei meu blog, a minha primeira postagem será sobre o dia da morte da minha mãe... Pois pra mim foi a fase mais dolorosa da minha vida. E a cada dia contarei mais um fato da minha vida, sendo ele bom ou ruim...